Outro dia, jogando conversa fora em uma mesa de bar, falávamos sobre o quanto nós (da turma) não éramos preconceituosos. Eu estava super satisfeita com a conversa por saber que meus amigos tinham a mente aberta, de que conseguimos evoluir e achávamos legal “o diferente”.
No minuto seguinte, não sei nem pq, começaram a citar as exceções... No começo eu sorri, achando que não se passava de brincadeira, mas não era... eles estavam falando sério!
Analisando aqueles comentários, não pareciam pessoas inteligentes e cultas falando, pois suas explicações não tinham fundamento, e no final repetiam.... Mas eu não tenho nenhum preconceito... O diálogo, parecia assim:
“- Eu gosto de cachorros! Mas, não perto de mim, no mesmo ambiente que eu, desde que não me olhe, que eu não sinta seu cheiro, que ele não faça barulho... ah... claro, que minha filha não esteja junto!!! Mas entenda bem... Eu não tenho nenhum problema com cães!!! “
Eu achei que a geração da minha filha estaria a salvo de preconceitos, considerando que a Minha geração ensinaria isso, mas estou (novamente) enganada.
Nunca recebi uma cartilha de como educar minha filha, ou alguma fórmula mágica para que ela seja um adulto exemplar, tampouco para me certificar que ela não será uma assaltante de bancos... Sei que existe o imponderável, e que no final tudo vai contribuir para sua formação!
Ela vai crescer sabendo que “ser diferente” também é legal, o que mais importa nas pessoas não dá pra ver de longe...
Ah... se ela crescer vendo cachorros por aí... não vai fazer xixi na parede e nem vai nascer um rabo!
Preconceito "todas" as pessoas que conheço têm.
ResponderExcluirUns não gostam de Prostitutas, outros não gostam de Políticos, outros não gostam de Travestis, outros não gostam de quem faz sexo por sexo, outros não gostam de negros, outros não gostam de advogados, outros não gostam de gays, outros não gostam de nordestinos ou chineses ou argentinos, outros não gostam de Padres e líderes religiosos em geral e assim vai.
O preconceito (assim como a tradição) é natural porque é uma ferramenta de defesa: alguém teve uma sucessão de eventos relacionados a pessoas ou atividades e notou que tal grupo de pessoas tem caracteríticas que lhe ocasionou prejuízo, ou simplesmente desagradam ou amedontram e forma-se o preconceito; ao mesmo tempo esse alguém percebe que ao agir de um dado jeito se chegará ao resultado "x" de modo mais eficiente, mais rápido ou com menos problemas sociais e forma-se a "tradição".
O problema é que o mundo é dinâmico e nem todos são como imaginamos e eventos mudam, de modo que é possível mudar a tradição aprimorando os processos.
Em ambos os casos há resistência porque as pessoas têm preguiça de mudar seu ponto de vista
O problema do preconceito, assim como o da tradição é que ambos só se muda com a "tolerância". Tolerar o diferente nos permite conhecê-lo e alterar nossa percepção com resultado no preconceito. Tolerar a novidade nos permite entendê-la e mudar o que é tradicional.
Lutar contra o preconceito não me parece o melhor caminho. Lutar pela tolerância, sim.
Todo mundo é diferente. O normal é ser diferente. Ou seja, preconceito é não saber entender que ser diferente é o normal. Preconcento é atestado de mediocridade, ou seja, de burrice mesmo.
ResponderExcluirSe todas as pessoas são diferentes e ser diferente é normal, haverá nesse mundo aquele ser que não é preconceituoso dividindo o mundo com quem o é. Afinal, não seríamos todos diferentes se todos fossemos livres de preconceito.
ResponderExcluirNesse caso, o não preconceituoso ao não entender e não aceitar o diferente (que é o preconceituoso) verá diante de si aquele mesmo preconceito que busca evitar. Noutras palavras: ele também será um preconceituoso.
Afinal, preconceito nada mais é do que a generalização oriunda de um "pré" conceito sobre algo ou alguém. Tal como ocorre quando afirmam: negro é ladrão, brasileiro é preguiçoso, político é corrupto, advogado é mentiroso, coreano é sujo e por aí vai.
Claro que tem negro ladrão como tem branco ladrão como tem amarelo e vermelho ladrão. Claro que tem brasileiro preguiçoso, como tem alemão, holandês, norteamericano preguiçoso. Claro que tem político corrupto, como tem juiz corrupto, policial corrupto, diretor de empresa privada corrupto e até jogador de futebol corrupto. Mentir ou ser sujo, isso também tem em todo lugar ou profissão. Daí o problema da generalização: toda mazela está presente em toda comunidade humana, ainda que alguns traços comportamentais reforçados pela cultura de um povo, de uma região ou de uma atividade, seja maior ou mais destacada ou simplesmente incompreendida dando azo ao "pré" conceito.
Logo, ao se afirmar, categoricamente, que o preconceituoso é "burro" se estará cometendo o mesmo erro contra o qual se diz lutar: a generalização da afirmação, o "pré" conceito.
Como corolário: quem assim compreende a situação acaba por se afirmar preconceituoso e burro também!
Mas será que essa conclusão é verdadeira?
Claro que NÃO!
A premissa (da burrice) está equivocada e gera uma conclusão igualmente equivocada.
O fato é que o mundo não é constituído somente de medíocres ou ignorantes. Também é repleto de gente muito acima da média intelectual e moral (portanto acima da mediocridade e da burrice) que é preconceituosa tal como, na verdade, todos nós acabamos por nos revelar.
Dentre esses, alguns são tolerantes e outros são intolerantes.
Essa me parece a chave da questão: a tolerância, como volto a afirmar.