quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O que eu aprendi sobre Casamento

Quando eu tinha 20 e poucos eu achava que era Amar era suficiente para ter um Casamento Feliz...


... Nossa, como eu estava enganada!!!!...

Tudo o que todos querem é amar.
Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras.
Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata.
Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar no trânsito.

Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que?

O amor.

Ah... olha ele aí ... Mas não o amor mistificado,
que muitos julgam ter o poder de fazer levitar.
O que sobra é o amor que todos conhecemos,
o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho.
É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo.

Não existem vários tipos de amor,
assim como não existem três tipos de saudades,
quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O amor é único, como qualquer sentimento,
seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.

A diferença é que, como entre marido
e mulher, tem tanta coisa nessa relação que a sedução tem que ser ininterrupta.

Por não haver nenhuma garantia de durabilidade,
qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza,
e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar
uma relação que poderia ser eterna.

Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá.
Lindo, mas insustentável.

O sucesso de um casamento
exige mais do que declarações românticas.

Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto,
tem que haver muito mais do que amor,
e às vezes nem necessita de um amor tão intenso.
É preciso que haja, antes de mais nada, respeito.
Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios.

Alguma paciência... Amor, só, não basta.

Não pode haver competição. Nem comparações.
Tem que ter jogo de cintura para acatar regras
que não foram previamente combinadas.
Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos,
acessos de carência, infantilidades.
Tem que saber levar.

Amar, só, é pouco.

Tem que haver inteligência.
Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais,
rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar.
Tem que ter disciplina para educar filhos,
dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra.

Não adianta, apenas, amar.

Tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância,
vida própria, um tempo pra cada um.
Tem que haver confiança.
Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu,
fazer de conta que não escutou.

É preciso entender que união não significa,
necessariamente, fusão.

E que amar, não basta.

Aos homens e mulheres que acham que o amor é só poesia,
falta discernimento, pé no chão, racionalidade.
Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre,
mas que sozinho não dá conta do recado.
O amor é grande mas não é dois.

É preciso convocar uma turma de sentimentos
para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência.

O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.

E se algo ficou pelo caminho, acho que mais importante que amar é ser feliz... As duas coisas juntas é que fazem sentido, mas amar e ser infeliz é um grande pesadelo !!!

3 comentários:

  1. Adorei seu texto Fabiane! Super sensível e super verdadeiro!
    Estamos te seguindo!!!! Fique bem!
    beijocas,
    Mari.
    Ah e adorei seu comentário no texto sobre Edith Piaf, profundo e real!

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  2. Há algum tempo que eu vejo o amor como um sentimento que congrega outros.

    E a natureza do amor muda na medida em que muda a natureza da relação que o cria.

    Amar um pai é diferente de amar um filho. O amor que se sente por este é diferente daquele amor que se sente por um amigo que por seu turno é diferente do amor conjugal.

    Imagino o amor como uma construção. Os métodos construtivos, os materiais, a maior ou menor flexibilidade do imóvel são variáveis em conformidade com as condições geológicas assim como os sentimentos de tolerância, respeito, admiração e desejo são os elementos construtivos do amor e variam conforme a natureza da relação.

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