Antes que a net seja invadida por centenas de milhões de posts sobre o dia dos namorados, resolvi começar primeiro... um pouco adiantada mas em tempo!
Há semanas já consigo observar no Facebook, algumas postagens de justificativas como:
“qual é o problema em passar o dia dos namorados sozinho?? Por acaso vc passa o dia do índio com índios??? Bom, depois disso vieram algumas variações do mesmo tema: Vc passa do dia de Finados com um defunto, o da árvore e assim vai....
Como retaliação, já vi posts masculinos dizendo: “Prefiro passar o dia dos namorados sozinho do que o Carnaval namorando”...
Bom, acho que as postagens são no mínimo criativas, mas acho que no fundo é uma justificativa ao fato de estarem sozinhos...
Ajudando algumas amigas a se preparem para o dia dos namorados, fui interrogada por algumas delas pedindo minha opinião sobre o melhor presente, o melhor restaurante para comemorar, algo realmente surpreendente... Depois de pensar por algum tempo pesando na minha cabeça os prós e contras de presentes, parei de pensar no momento atual e olhei pra dentro de mim e perguntei... Hey vc... o que gostaria???
Bom a resposta sincera, foi muito interessante... quando já estava achando que eu estava louca, fui procurar na literatura quando me deparei com o texto da Martha Medeiros, que pensa como eu neste quesito... Isto posto, faço minhas as letras e palavras dela...
Atualmente pra mim, namoro que é namoro está representado por algo simples, sutil, barato e íntimo: os dedos entrelaçados no escuro do cinema. De mãos dadas se constrói uma relação.
Do que sentem falta os amantes clandestinos? Luxúria eles têm de sobra. O que lhes falta é esta forma brejeira de intimidade: dar-se as mãos. Na rua é arriscado, há olhos por todos os lados, já no cinema é possível providenciar um encontro às escuras e ali realizar a mais tórrida aproximação de corpos, um ato realmente subversivo para adúlteros: unir as mãos como dois namorados.
Se, ao contrário, o casal tem um namoro oficializado, sem razão para segredo, ainda assim o segredo se manterá entre eles pelo simples fato de que as mãos dadas dentro do cinema não são uma representação pública de amor, e sim um carinho privado. Ninguém está testemunhando, ninguém está reparando, a platéia está toda de olho na tela, e o casal também, porém seguros um no outro através de um entrelaçamento que, à luz do dia, seria corriqueiro, um simples hábito sem maior significância, mas que num espaço compartilhado com estranhos, no escuro, torna-se uma forma particular e irresistível de cumplicidade.
Este gesto mundano e trivial carrega um significado que muitas vezes nem mesmo um beijo – um beijo! – possui. Pergunte a uma viúva do que ela mais sente falta do falecido, e é bem capaz de ela lembrar só das incomodações que o infeliz causava, mas as mãos agarradas dentro do cinema hão de despertar sua saudade.
Pergunte a mesma coisa a alguém que está vivendo uma dor-de-cotovelo daquelas. Mesmo sofrendo, é provável que não se comova com a lembrança das brigas e nem dos “eu te amo”, mas ter que assistir a uma comédia romântica de braços cruzados há de feri-la de morte.
E os casados há 20 anos, há 30, há 50 anos? Podem atualmente rugir um para o outro na sala de jantar, mas dentro do cinema ainda tratam-se como se tivessem se conhecido ontem e não perdem o hábito instaurado no primeiro filme de suas vidas. Se não o fazem mais, é porque o casamento acabou e não foram avisados.
O último resquício de amor ainda se confirma com as mãos dadas dentro do cinema. Há salvação para os que as mantém unidas ao menos ali.”
Então, aos animados ou não para o dia dos namorados... eu desejo que possam estar de mãos dadas com seu amor por todo o tempo do mundo que isso for bom!!!
Feliz Dia dos Namorados!!!